quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

COMPREENSÃO E MUDANÇA

  James Jeans, um físico notável, disse em certa ocasião que o universo se parece, cada vez mais, com um vasto pensamento. Alguns cientistas, mais recentemente, têm aventado a necessidade de se postular a existência de um "princípio inteligente" para justificar toda gama de fenômenos que nos cerca.
   Há como que uma ordem subjacente aos aspectos mais caóticos da natureza. A hipótese de "acaso e necessidade", criada para justificar os fatos, está se tornando distante das cogitações humanas.
   Mesmo os materialistas admitem, por trás dos mecanismos naturais, um processo evolutivo enquanto os espiritualistas afirmam que a evolução é o resultado de um planejamento divino, ou de um esquema proveniente do "princípio inteligente".
   O fato é que aceitar a evolução, tanto de um ponto de vista quanto do outro, é admitir a transitoriedade dos juízos que fazemos das coisas, dos fatos e das pessoas. Fazemos parte de um universo em constantes mudanças, no entanto nos comportamos como detentores  de saberes absolutos.                 
    Desejamos ardentemente uma comunidade mais fraterna, mas não abrimos mão de nossa individualidade.
  Achamo-nos no direito de julgar, condenar e punir, sem levar em consideração a natureza relativa da realidade que concebemos, entretanto o sentimento de fraternidade repousa em grande parte na compreensão de que    vivemos num mundo de aparências. Daí a importância do exercício da tolerância, sem violar naturalmente as regras básicas preservadoras do decoro, do respeito e da benquerença.
    O entendimento da natureza fugaz de nossas certezas não é coisa nova. A relatividade, na dimensão física em que estamos, foi comprovada cientificamente na era moderna, mas a ilusão de nossas percepções já fora constatada por muitos sábios da antiguidade. Um exemplo disso podemos encontrar nos "Yogas - Sutras" de Patânjali, filósofo indiano do século VI a. C., cujas lições antecipam muitas vezes resultados de atuais pesquisas científicas.
   Se queremos um mundo melhor, não podemos abrir mão das perspectivas de mudanças. É preciso manter a mente aberta, eliminar os autoenganos e estudar para enriquecer as bases já construídas pela experiência. Congelar ideias é atiçar a chama do sofrimento.

Um abraço.

Até breve.

Lazaro Moreira Cezar.

2 comentários:

  1. Professor Lázaro, o senhor fechou o artigo dentro de uma linha de raciocínio que eu costumo fazer em relação a vida. Especialmente porque fui educada em um lar de família pobre, cujo pai, como detentor da responsabilidade material deste lar, buscou até o leito de morte, manter nos filhos a necessidade de cuidar da vida espiritual.
    O meu pai era praticamente analfabeto, pois o seu estudo estacionou na terceira série do antigo primário e encontrou na minha mãe, que mesmo sendo analfabeta é uma autodidata, a pessoa com quem passou a trocar ideias e entender melhor sobre a filosofia espiritualista a qual ele tinha adotado para a sua vida.
    Eu entendo que toda a Doutrina tem como base de sua sustentabilidade, estabelecer dogmas, independente da filosofia utilizada para tal, por estabelecerem normas de conduta para um viver terreno mesmo que seja de aparências, fazendo com que seus seguidores zelem pela sua reputação perante a sociedade, é o que sua frase final define muito bem: “Congelar ideias é atiçar a chama do sofrimento.”
    O Universo está em constante movimento evolutivo, e nossas mentes não podem nem devem estacionar, precisamos de mudanças para que o ciclo da vida possa ser constante também.
    Desculpe se me alonguei demais, só quis expressar minha admiração e respeito por seu conhecimento.
    Atenciosamente,
    Isabel Oliveira

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  2. Amiga Isabel Oliveira, agradeço seu comentário. Fico satisfeito em saber que a amiga apreciou o artigo que escrevi. Não precisa se desculpar. Fique a vontade para fazer os comentários.
    Uma boa noite.
    Abraços.
    Lazaro Moreira Cezar.

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