quarta-feira, 8 de maio de 2013

PEDRAS NO CAMINHO

Em busca de aperfeiçoamento, os seres humanos se empenham, em esforços contínuos, para amenizar o viver terreno. Diante de tantas atribulações, impostas por um processo evolutivo do qual somente aos poucos se apercebem, unem-se em organizações e procuram, por meio do estudo, da análise e da interpretação dos fatos, compreender o que lhes acontece no entorno e entender o que lhes vai no íntimo da alma. Paradoxalmente, há como que uma resistência inata, por parte de muitos, em abandonar comodidades proporcionadas por conquistas provisórias. Dados alguns passos no sentido de maior progresso, parece que fica difícil desfazerem-se das algemas do passado.

Essa situação é comum nos mais diversos quadros da existência. Um dos setores em que mais se verifica a estratificação dos saberes é o relacionado à procura de um significado para a vida. Muitos dos próceres das instituições voltadas para esse fim, ainda que bem intencionados, relutam em incorporar novas ideias aos velhos textos canônicos, com receio de alterar-lhes o significado. Acabam desse modo, por induzir os adeptos a certa estagnação, provocando uma atitude de subserviência na acomodada maioria e a dispersão dos que não abdicam de alcançar maior conhecimento de si mesmos e do mundo.

Falta, nesses casos, a compreensão de que a evolução obtida a partir de uma base, não se aparta dos alicerces. Pelo contrário, o engloba e o enriquece. Outro fator negligenciado em situações semelhantes, é que, num mundo em constante mutação, todo o sistema fechado em torno de verdades absolutas, sem perspectiva de crescimento, está fadado ao fracasso.

Qualquer que seja a via do aperfeiçoamento, a caminhada é sempre lenta e progressiva. A falta de estudos leva ao fundamentalismo e frequentemente conduz ao fanatismo. Numa época em que a ciência, mais e mais se agiganta na credibilidade dos procedimentos investigativos, nenhum setor de pesquisa, tanto no campo da imanência quanto nos domínios da transcendência, se torna credor de respeito, com avanços aparentes.

Ao lado do aspecto prático de qualquer ramo do saber, coexiste a dimensão científica. Os que, no domínio da transcendência, se apegam ao lado utilitário das orientações, sem raciocinar sobre elas, correm o risco de ser manipulados e ficam para traz. Frequentemente, nessas circunstâncias, surgem os líderes de ocasião que lançam mão de estratégias enganadoras para captar a atenção e a confiança dos grupos. Assim muitas instituições, nascidas de sinceras manifestações humanitárias, naufragam em conflitos internos e disputas desagregadoras.

Só o estudo e a análise cuidadosa das coisas, feitos com simplicidade e desprendimento, podem evitar tais eventos e proporcionar condições para avanços qualitativos que respondam às necessidades de harmonia interior e aos anseios por um mundo melhor.

Dentro de uma perspectiva evolucionária, todos um dia se tornarão buscadores da verdade, mas nesse processo de crescimento farão fatalmente escolhas baseadas em distorções e preconceitos. É de bom alvitre, portanto, que estudem, estejam atentos e não se deixem levar pelas aparências, evitando pedras e pedradas no caminho.

Até a próxima.
Um abraço.
Lazaro Moreira Cezar.







terça-feira, 23 de abril de 2013

UM VELHO TEMA



O aparecimento de um novo livro, sobre um velho tema, quase sempre gera motivos para novas reflexões. Recentemente, saiu mais uma obra sobre experiências de quase morte. São, em linhas gerais, relatos de pessoas que após um estado de aparente morte, provocado, na maioria das vezes, por doença ou acidentes, retornam contando histórias vivenciadas pela consciência ativa em outros campos de ação.

O neurocirurgião Eben Alexander III narra no livro Uma prova do céu sua experiência, passada durante sete dias, em estado de coma. Uma experiência que lhe modificou drasticamente a visão de vida. É interessante notar que o autor faz parte de uma geração formada, profissionalmente, dentro dos mais rigorosos padrões do paradigma científico atual.

A curiosidade por temas dessa natureza cresceu bastante com o surgimento do livro Vida depois da vida, do Dr. Raymond Moody Jr., nos anos setenta do século XX. De lá para cá, foram publicadas dezenas de outras obras sobre o assunto. Porém o tema é muito mais antigo.

No livro X, de A república, de Platão, é contada a história de Er, um valente soldado morto no campo de batalha. Dez dias depois, quando foram encontrados os cadáveres, putrefatos, o seu foi descoberto intato. Já na pira funerária, prestes a ser cremado, levantou-se e contou uma estranha história sobre o que vira no além: sua alma havia sido transportada para um misterioso lugar, onde presenciou o julgamento de várias outras e ouviu dos juízes que ele estava ali como observador, com a missão de revelar, quando retornasse à vida, o que aprendera no lado dos mortos. A história se prolonga em mais explicações. Alguns estudiosos a interpretam como uma alegoria, mas há quem veja nela uma história real, um caso de experiência de quase morte.

Esses relatos, sempre que aparecem, ensejam protestos por parte de céticos e de acomodados a conhecimentos estratificados. Uns alegam que os fatos não resistem às avaliações experimentais e objetivas da ciência e outros afirmam que tudo não passa de sonhos febris produzidos por mentes delirantes. A vida, porém, trama, a todo instante, no sentido de que, mais cedo ou mais tarde, as pessoas se abram a novas percepções, através de insights promovidos pela inexorável marcha evolucionária.

A ciência, por exemplo, mesmo limitada por um rígido paradigma, tem contribuído para a demolição de inúmeros preconceitos e mitos. Ao lado dela, as investigações, voltadas para a essência última das coisas, possibilitam num nível mais profundo, a compreensão dos porquês da evolução. Entretanto, as lições colhidas neste campo não podem ser reproduzidas por meio de experimentos controlados e, por isso, são deixadas de lado na avaliação dos resultados. Na verdade, o que não se deve negligenciar é o fator ético, como elemento primordial de toda atividade investigativa.

A sintonia com situações que demonstram a existência de outras realidades, proporcionada pelo estudo e pela experienciação, nas refregas da vida, levam os seres a romper com tabus estagnadores e a renovar perspectivas de crescimento interior. A acomodação a conceitos inamovíveis, ao contrário, produz viciações que desembocam fatalmente na eclosão de conflitos existenciais.

Na esfera dos imponderáveis, é por meio de análises comparativas e de intenso cruzamento de informações que se pode configurar um quadro, progressivamente mais definido, das interações emocionais e mentais que nos afetam. A leitura de acreditadas ocorrências, no indevidamente denominado campo da paranormalidade, oferece oportunidades de se chegar a conclusões cada vez mais significativas para o autoconhecimento.

Nada existe, em termos de saber, com o selo da terminalidade. É preciso estudar. Não devemos esquecer que cada corpo é como um pequeno laboratório em que a consciência cresce com a experiência do viver.

Até a próxima.
Um abraço.
Lazaro Moreira Cezar.

domingo, 14 de abril de 2013

... E A CARAVANA PASSA


Um antigo e bem sucedido cronista social, diante das diatribes e críticas maledicentes dos seus oponentes, finalizava, com frequência, a sua coluna com o provérbio: Os cães ladram e a caravana passa.


O escritor espiritualista C. W. Leadbeater, no livro O lado oculto das coisas (São Paulo: Pensamento, s/d), diz que entre as causas mais comuns de infelicidade figuram o desejo, o desgosto, o medo e a ansiedade.

Sabemos que o desejo se expressa de inúmeras maneiras, e que a face voltada para a filantropia e para os ideais construtivos, em geral, serve de pré-requisito para o aprimoramento humano. Porém, existe outro lado dirigido aos interesses egoístas e à dominação dos semelhantes: o lado da insaciável volúpia por posição, prestígio e poder.

Como excrescência dessa face cruel, emerge o sentimento amargo da inveja, cuja peçonha é capaz de manchar as mais puras configurações do pensamento criador, em favor do bem comum. Leadbeater, no livro citado anteriormente, afirma:

Entre as mais venenosas das múltiplas formas desta grande hera daninha chamada desejo, estão a inveja e o ciúme. Se os homens quisessem apenas ocupar a mente com os seus próprios negócios, deixando em paz os seus vizinhos, desapareceriam muitas das raízes fecundas de infelicidades. (p.267)

A exsudação da inveja é tão virulenta que nem com relação aos mortos se aplaca, ou se detém. Os invejosos, mesmo diante de uma existência física, já vivida, com florações póstumas de uma atividade voltada para o crescimento humano, não deixam de destilar o visgo corrosivo da alma macerada por conflitos internos.

Essas considerações vêm à tona diante de reportagens, saídas há pouco tempo, sobre livros recentemente publicados, remexendo a vida particular de dois grandes líderes do passado - Martin Luther King e Mahatma Gandhi – com o fim, talvez, de amesquinhá-los. É como se tentassem uma orquestração no sentido de eliminar de nossas mentes as belas inspirações que estas personalidades nos deixaram para a construção de um viver melhor. São publicações que em nada contribuem, pelo menos no aspecto construtivo, para esclarecer a opinião pública. Revelam, sim, na sua maioria, despeito e inveja; e almejam sensacionalismo.

A inveja corrói e exige do seu portador uma extravasão demolidora. Nem Jesus, há tanto tempo sacrificado, escapa, de vez em quando, da vesana indignação dos detratores.

Ninguém, portanto, está isento, nos caminhos da vida, de ser amofinado pela grita insana de maledicentes e invejosos, vociferando à beira da estrada. Mas a moderação recomenda prudência e bons pensamentos, não só para evitar os efeitos danosos da ressonância vibratória, como para tornar mais diáfana a atmosfera psíquica do planeta. É de bom alvitre nesses momentos seguir serenamente em frente, sem revides e ressentimentos, certos de que, como dizia o velho jornalista: os cães ladram e a caravana passa.


                                   Até a próxima.
                                   Um abraço,
                                   Lazaro Moreira Cezar.







quarta-feira, 3 de abril de 2013

SOBRE AS LEIS NATURAIS


            
           
A busca por um significado da vida remonta aos primitivos tempos da humanidade. De um lado, a busca pelo entendimento do fenômeno natural, em si; e de outro, a busca pela compreensão do propósito da existência.

De um modo geral, essas posturas delinearam, desde o início, os caminhos que iriam desembocar na ciência e na expressividade da transcendência sem fantasias. Apesar da distinção, as duas vertentes sempre tiveram pontos em comum.

A visão mais simples era, como ainda o é, a de um mundo desenhado nos moldes da geometria euclidiana: um espaço tridimensional, servindo de palco para o desenrolar da vida. Os fenômenos que inicialmente foram atribuídos à vontade dos deuses, aos poucos passaram a ser compreendidos como resultados de leis naturais.

Superado o período das perplexidades e da subserviência a entidades divinais, os estudiosos acabaram por entender que as verdades fundamentais da natureza se apoiavam em estruturas de caráter matemático.

Os pitagóricos, por exemplo, no século VI a.C., desenvolvendo um pensamento esteado em considerações matemáticas, afirmaram que “todas as coisas são números”. Galileu (1564-1642), célebre matemático e físico italiano, asseverou que

 O livro da natureza está escrito na linguagem da matemática e os caracteres são triângulos, círculos e outras figuras geométricas, sem os quais é humanamente impossível compreender uma palavra sequer dela e sem os quais se vagueia inutilmente através de um labirinto escuro.
(LÍVIO, Mario. Deus é matemático? São Paulo: Record, 2010)


Ao longo dos tempos, consolidaram-se de tal forma essas noções que, nas atuais investigações dos fenômenos da natureza, sempre se procura estabelecer uma concordância entre as provas experimentais e a demonstração matemática. O conhecimento, assim estatuído, ajuda a prever as possibilidades embutidas nas leis naturais e viabiliza a utilização delas nos mais diversos setores da vida.

Mesmo quando o ser humano passou a explorar os domínios dos fenômenos extrassensoriais, ainda assim, não deixou de perceber a latência de relações mensuráveis. Existem indícios de que nas trocas de energia, nos campos emocionais e mentais, subjazem relações de ordem matemática: é que, nesse âmbito, os fenômenos são de natureza vibracional e, como tal, são formas de movimento também passíveis de mensuração.

Até agora, no entanto, esses vislumbres permanecem no domínio das possibilidades, como um mapa para territórios inexplorados. As pesquisas voltadas para o aspecto da transcendência operam com situações da experiência humana que dificultam a reprodução de experimentos controlados.

A ciência, judiciosamente, cerca-se de cuidados, no intuito de evitar, nesses contextos, fraudes e escamoteações. Só aceita o que resiste ao protocolo da metodologia científica. Embora se autolimitando na apreciação dos fatos, capacita-se continuamente com a elaboração de estratégias mais eficazes na abordagem de novos desafios. Desse modo, tudo que aproxima o ser humano de verdades mais refinadas será no devido tempo apreciado.

O que importa é que, nesse afã, cultive-se o amor à verdade, repudie-se o autoritarismo e caminhe-se consciente das próprias limitações. São imposições de natureza ética.

Na afirmação do autoconhecimento, o ser ora volta-se para si mesmo, ora volta-se para o mundo exterior, mas está continuamente lidando com verdades relativas. Construindo e reconstruindo experiências, sente a cada instante que deve se conhecer melhor. Esse conhecimento, contudo, nem sempre consegue impulsioná-lo no sentido de efetuar mudanças que o liberem das insatisfações internas.

Uma das razões para isso está em que os conhecimentos de primeira instância necessitam do amadurecimento proporcionado pela inspiração do campo superior intuicional, a fim de se tornarem conquistas mais significativas para a alma.

O campo intuicional é a dimensão da sabedoria. Sabedoria que ilumina o intelecto e leva o pensador a encontrar em si mesmo bases para modificações promissoras. Esse despertar interno, pelo qual todos devem se empenhar, consegue-se por um reto viver, um constante exercício do bem-pensar e pela experienciação, em todos os domínios da existência, inspirada pelo benquerer.

Nesse mister, o estudo e a observância das leis naturais são de inestimável valor.

Um Abraço.
Até a próxima.
Lazaro Moreira Cezar.

domingo, 24 de março de 2013

TOLERÂNCIA


  J. Krishnamurti, filósofo e espiritualista indiano, diz no livro Aos pés do mestre (Pensamento: 1993) que no mundo existem apenas duas classes de indivíduos: os que possuem conhecimento e os que não o possuem. O conhecimento a que ele se refere é o conhecimento de que todos fazemos parte de um grande esquema de evolução cósmica.

Para os que se iniciam nas veredas desse conhecimento são sugeridas algumas rotas. Entre elas a do cultivo da tolerância. A tolerância brota como consequência natural da compreensão do processo evolutivo. Não é uma postura de conivência, nem tampouco a tentativa de eximir as pessoas das responsabilidades assumidas diante dos problemas da vida.

O que mais caracteriza o ser tolerante é o fato de manter-se fiel às ideias que, em determinado momento, lhe parecem acertadas e não descartar as ideias alheias. É colocar-se nas diversas situações existenciais de modo a ver as coisas do ponto de vista dos outros e, a partir daí, ajudar e também aprender.

Em tese, é assim que todos gostariam de proceder. No entanto, o que se vê com mais frequência, nas paisagens do viver terreno, é o divórcio entre o discurso e a prática. A raiz desse contraponto reside em que, até nos autojulgamentos, as pessoas se fixam em critérios de rigidez absoluta. Esquecem o processo evolutivo, escudam-se num falso bom-senso e adotam a retórica do autoengano.

René Descartes, filósofo e matemático francês, afirma, logo no início do seu Discurso do método (Abril Cultural: 1973), que "O bom-senso é a coisa do mundo melhor partilhada, pois cada qual pensa estar tão bem provido dele, que mesmo os que são mais difíceis de contentar em qualquer outra coisa não costumam desejar tê-lo mais do que o tem".

É assim que, na maioria dos casos, as pessoas se julgam, independentemente das considerações de natureza evolutiva.

A intolerância, na verdade, grassa em todos os setores e, paradoxalmente, é, nas organizações e grupos que lidam com o aspecto transcendente da vida, onde mais se pugna por uma convivência pacífica, que proliferam, com maior intensidade, os vibriões do desentendimento.

Às vezes, propostas nobres de um viver fraterno, com base na magnanimidade de pessoas bem intencionadas, se esvaem nos labirintos de interesses pessoais, nos medos e em ferozes disputas por glórias efêmeras. O curso da história humana está cheio desses casos.

O saber se amplia a cada instante e ninguém é portador de toda a verdade. Por isso, é preciso cautela com o autoritarismo. O isolamento em guetos de saberes absolutos conduz à intolerância e alimenta a compulsão de líderes psicopatas pelo poder. Poder que se espraia por todos os campos. Desde a área econômica, puramente material, até o reino do psiquismo, congelando a liberdade de pensar.

As opiniões diferentes e as ideias conflitantes são inerentes ao processo de crescimento humano. Podem e devem ser administradas com respeito e entendimento, pois o que se pensa estar certo em uma fase da vida, frequentemente, revela-se incorreto em outra.

A tolerância, quando exercida com sabedoria e sinceridade, sem os excessos das concessões demagógicas, facilita as inter-relações, proporciona melhor visualização das questões e apara as arestas das discórdias. É um exercício que estimula a mobilização de outras virtudes e conduz o ser humano a se alinhar aos propósitos mais elevados de sua natureza transcendental.

Abraços a todos.
Até a próxima.
Lazaro Moreira Cezar.

                                                                      
                                                                                                                            

segunda-feira, 18 de março de 2013

UM POUCO MAIS SOBRE O PENSAMENTO

A visão científica convencional postula que o pensamento é consequência de reações químicas puramente materiais, ocorridas no cérebro. Por outro lado, análises efetuadas com base nas observações obtidas por pessoas dotadas de percepção extrassensorial mostram a existência de agentes externos na ocorrência das operações mentais.
Esse embate é secular e muita gente argui se, para demonstrar o caráter transcendente do ato de pensar, não existem pesquisas distintas das que se fundamentam nas percepções dos chamados “sensitivos”.
A argumentação de apoio para tal expectativa reside no fato de que o instrumento de pesquisa, nestes casos, é subjetivo e não permite inferências seguras, como as proporcionadas por meio do método científico.
Inúmeros estudos, que não apelam para o viés da paranormalidade humana, têm sido publicados. Esses estudos se aproximam bastante de teses defendidas pelos não materialistas.
Um bom exemplo é o do biólogo Rupert Sheldrake que, no final do século passado, apresentou o conceito de mente estendida. Para ele, a mente é mais extensa que o cérebro. Sem levar em conta conceitos espaço-temporais, ela se estende através dos chamados campos mórficos ou morfogenéticos.
Os campos mórficos, à semelhança dos campos magnéticos dos ímãs, são regiões de influência em torno dos sistemas por eles organizados. Interpenetram-nos e se distendem ao seu redor. São estruturas invisíveis que dão forma às coisas e dinamizam processos vitais nos sistemas biológicos.
Possuem uma memória e, através de um processo denominado de ressonância mórfica, são capazes de trocar informações. É neles que se localiza a base dos fenômenos instintivos.
Essas qualidades caracterizam esses campos como modelos causativos, uma vez que servem também de esquema ou causa para transformações aperfeiçoadoras.
Muitas dessas ideias podem explicar os processos por trás de situações intrigantes. A comunicação, por exemplo, entre os animais de estimação e seus donos é fato conhecido por muita gente. Sheldrake narra alguns casos desse tipo no livro “Sete experimentos que podem mudar o mundo” (editora Pensamento).
Alguns fenômenos nessa mesma linha são: o fato de as pessoas perceberem que estão sendo observadas; a percepção que rege o sentido de orientação dos pombos-correio; o voo ordenado das aves; e o movimento sincronizado, e quase instantâneo, de grandes cardumes, bandos de pássaros e nuvens de insetos.
Outro fato significativo está relacionado à aquisição de novos comportamentos em grupos de animais de uma mesma espécie. É um aspecto da vida animal já estudado e o pesquisador Lyall Watson, para ilustrá-lo, conta a seguinte história, no livro “Maré da vida” (editora Difel), de sua autoria: numa ilha de certo arquipélago do oceano Pacífico, um macaco começou a lavar as batatas para livrá-las da areia e do saibro que lhe dificultavam o consumo. Esse inusitado comportamento motivou outros macacos a fazer o mesmo. Muito lentamente, o grupo foi aumentando e quando o número de participantes chegou a cem, aconteceu algo espantoso: todos os outros macacos do arquipélago adotaram o mesmo procedimento, como se houvesse ocorrido uma contaminação.
Esse é “o princípio do centésimo macaco” e, de certo modo, mostra como funciona a ressonância mórfica: - a partir de um ponto crítico, uma ação que se repete gradativamente, executada por um número cada vez maior de participantes, altera o campo e modifica os esquemas de ação de toda a comunidade.
Em um mundo ainda dominado por disputas e por um desvairado egocentrismo, onde elevados ideais são constantemente maculados por mesquinhos interesses pessoais, os estudos de cientistas do porte de R. Sheldrake ajudam a compreender a irremediável interdependência que nos enlaça.
Pensamentos, emoções e sentimentos geram uma teia de conexões através da qual, pela lei de ação e reação, aplicada ao domínio psíquico, podemos alterar as condições do planeta.
De nós depende a formação de uma rede em que predomina o bem. Todos, independentemente de matizes doutrinários ou ideológicos, devem tomar conhecimento dessa realidade. Para isso, talvez encontremos um pouco de inspiração no “princípio do centésimo macaco”.

Um abraço.
Até a próxima.
Lazaro Moreira Cezar


sexta-feira, 8 de março de 2013

CONSIDERAÇÕES SOBRE O PENSAMENTO

Muitas proposições relacionadas ao pensamento são enunciadas como jargões, sem nenhum conhecimento de causa.
"Quem bem pensa, bem atrai" é uma delas. No entanto, são afirmações, na maioria das vezes ricas de significados, provenientes de experiências adquiridas através dos tempos.
Aos poucos começa-se a perceber que o corpo físico é apenas parcela de uma estrutura mais complexa, da qual fazem parte campos de energia que servem de base para expressões de pensamentos e emoções, em variada gama de manifestações.
São campos não percebidos pelos sentidos comuns, mas observados ao longo dos séculos, em diferentes lugares, por pessoas portadoras de alta percepção sensorial.
Sem o respaldo da replicabilidade orientada, exigida pela metodologia científica, muitas dessas observações começam, no entanto, a se ajustar ao quebra-cabeça em fase de montagem pela própria ciência.
Muitos obtêm essas informações, acham-nas interessantes, mas as relegam ao esquecimento, talvez por ainda não terem sido tocados pela chama do autoconhecimento.
Existem, entrentanto, inúmeros trabalhos de investigadores sérios que ajudam a sedimentar esses saberes e merecem toda atenção.
Encontram-se, por exemplo, alguns resultados consensuais em obras como "Pensamento e vontade" de Ernesto Bozzano; "O poder do pensamento" de Annie Besant; "O experimento da intenção" de Lynne McTaggart; "O cérebro espiritual" de Mario Beauregard; e "Formas de pensamento" de Annie Besant e C. W. Leadbeater. São livros que mostram, por diferentes caminhos, a dinâmica dos processos mentais.
Um aspecto importante dessa dinâmica é o da criação de formas-pensamento. 
Os pensamentos e desejos de uma pessoa moldam, nos campos de manifestação já referidos, ideações plásticas denominadas formas-pensamento, com o mesmo teor vibratório de quem as emitiu.
Essas estruturas energéticas podem entrar em sintonia com o pensamento de outras pessoas vibrando na mesma frequência, influenciando-as.
Ondas de pensamento estão sempre sendo lançadas em todas as direções. Isso, consequentemente, torna as pessoas, em grande parte, responsáveis pelo ambiente psíquico em que vivem.
Outro fato conhecido é que essas formas, por mais que envolvam outros seres ou interajam com ideações equipotentes de origem diversas, retornam invariavelmente à fonte de origem.
Muitas distonias psíquicas são resultantes de fixações viciosas, alimentadas por quem se torna refém de pensamentos enfermiços.
Por outro lado, as expressões mentais, alinhadas a nobres e elevadas aspirações de vida, além de desenergizarem as cargas negativas, revigoram o ânimo, estimulam o crescimento individual e consolidam laços de fraternidade.
Saber dessas coisas, insculpindo-as na alma, favorecem a criação de estratégias para a autodefesa psíquica e nos predispõe à construção de um viver ameno, com mais compreensão e harmonia.
Um abraço.
Até a próxima.
Lazaro Moreira Cezar.

domingo, 3 de março de 2013

O BOM VENCEDOR

É com muita humildade, amor e respeito ao próximo que chegamos onde precisamos. A maledicência é ferramenta dos fracos. A mais autêntica vitória é a que conquistamos sobre nós mesmos. (Lazaro Moreira Cezar).

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

COMPREENSÃO E MUDANÇA

  James Jeans, um físico notável, disse em certa ocasião que o universo se parece, cada vez mais, com um vasto pensamento. Alguns cientistas, mais recentemente, têm aventado a necessidade de se postular a existência de um "princípio inteligente" para justificar toda gama de fenômenos que nos cerca.
   Há como que uma ordem subjacente aos aspectos mais caóticos da natureza. A hipótese de "acaso e necessidade", criada para justificar os fatos, está se tornando distante das cogitações humanas.
   Mesmo os materialistas admitem, por trás dos mecanismos naturais, um processo evolutivo enquanto os espiritualistas afirmam que a evolução é o resultado de um planejamento divino, ou de um esquema proveniente do "princípio inteligente".
   O fato é que aceitar a evolução, tanto de um ponto de vista quanto do outro, é admitir a transitoriedade dos juízos que fazemos das coisas, dos fatos e das pessoas. Fazemos parte de um universo em constantes mudanças, no entanto nos comportamos como detentores  de saberes absolutos.                 
    Desejamos ardentemente uma comunidade mais fraterna, mas não abrimos mão de nossa individualidade.
  Achamo-nos no direito de julgar, condenar e punir, sem levar em consideração a natureza relativa da realidade que concebemos, entretanto o sentimento de fraternidade repousa em grande parte na compreensão de que    vivemos num mundo de aparências. Daí a importância do exercício da tolerância, sem violar naturalmente as regras básicas preservadoras do decoro, do respeito e da benquerença.
    O entendimento da natureza fugaz de nossas certezas não é coisa nova. A relatividade, na dimensão física em que estamos, foi comprovada cientificamente na era moderna, mas a ilusão de nossas percepções já fora constatada por muitos sábios da antiguidade. Um exemplo disso podemos encontrar nos "Yogas - Sutras" de Patânjali, filósofo indiano do século VI a. C., cujas lições antecipam muitas vezes resultados de atuais pesquisas científicas.
   Se queremos um mundo melhor, não podemos abrir mão das perspectivas de mudanças. É preciso manter a mente aberta, eliminar os autoenganos e estudar para enriquecer as bases já construídas pela experiência. Congelar ideias é atiçar a chama do sofrimento.

Um abraço.

Até breve.

Lazaro Moreira Cezar.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Apresentação


Lembro-me de um conselho de Francisco Silveira Bueno, antigo catedrático de filologia portuguesa da Universidade de São Paulo que, num livro sobre dificuldades da língua, aconselhava os consulentes a ler uma página de Antonio Vieira, por dia, a fim de amadurecerem no mister da reflexão filosófica. Vieira, além de grande pensador, sensibiliza os leitores, com a beleza de suas construções, para o uso estético da língua. Seus argumentos são fascinantes.
Numa outra estância da vida li, com um sentimento de crescente admiração, a autobiografia do Mahatma Gandhi. Foi uma experiência inesquecível. Através dos seus exemplos pude refletir, entre outras coisas, sobre a urgência de as pessoas se esforçarem para estabelecer coerência entre o que se entende por "bem" e os impulsos, instintivos ou não, que as levam a ação. No descompasso entre essas duas posições viceja grande parte dos conflitos humanos.
Ao ser incentivado por amigos para abrir o "blog", pensei nesses dois Grandes Mestres e avaliei o quanto ainda estou longe deles mas, mesmo assim, decidi me abrigar a sombra de suas influências benfazejas.
Agradeço-lhes, amigos, as sugestões e a disposição de construir essa página. O que não lhes posso desculpar é o fato de terem, no pórtico do blog, me qualificado de "professor". Afinal esse é um espaço para troca de ideias.


Um grande abraço.
Até breve.
Lazaro Moreira Cezar.