O aparecimento de um novo livro, sobre um velho tema, quase sempre gera motivos
para novas reflexões. Recentemente, saiu mais uma obra sobre experiências de
quase morte. São, em linhas gerais, relatos de pessoas que após um estado de
aparente morte, provocado, na maioria das vezes, por doença ou acidentes,
retornam contando histórias vivenciadas pela consciência ativa em outros campos
de ação.
O
neurocirurgião Eben Alexander III narra no livro Uma prova do céu sua experiência, passada durante sete dias, em
estado de coma. Uma experiência que lhe modificou drasticamente a visão de
vida. É interessante notar que o autor faz parte de uma geração formada,
profissionalmente, dentro dos mais rigorosos padrões do paradigma científico
atual.
A curiosidade
por temas dessa natureza cresceu bastante com o surgimento do livro Vida depois da vida, do Dr. Raymond
Moody Jr., nos anos setenta do século XX. De lá para cá, foram publicadas
dezenas de outras obras sobre o assunto. Porém o tema é muito mais antigo.
No livro X,
de A república, de Platão, é contada
a história de Er, um valente soldado morto no campo de batalha. Dez dias
depois, quando foram encontrados os cadáveres, putrefatos, o seu foi descoberto
intato. Já na pira funerária, prestes a ser cremado, levantou-se e contou uma
estranha história sobre o que vira no além: sua alma havia sido transportada
para um misterioso lugar, onde presenciou o julgamento de várias outras e ouviu
dos juízes que ele estava ali como observador, com a missão de revelar, quando
retornasse à vida, o que aprendera no lado dos mortos. A história se prolonga
em mais explicações. Alguns estudiosos a interpretam como uma alegoria, mas há
quem veja nela uma história real, um caso de experiência de quase morte.
Esses relatos,
sempre que aparecem, ensejam protestos por parte de céticos e de acomodados a
conhecimentos estratificados. Uns alegam que os fatos não resistem às avaliações
experimentais e objetivas da ciência e outros afirmam que tudo não passa de
sonhos febris produzidos por mentes delirantes. A vida, porém, trama, a todo
instante, no sentido de que, mais cedo ou mais tarde, as pessoas se abram a
novas percepções, através de insights
promovidos pela inexorável marcha evolucionária.
A ciência,
por exemplo, mesmo limitada por um rígido paradigma, tem contribuído para a
demolição de inúmeros preconceitos e mitos. Ao lado dela, as investigações,
voltadas para a essência última das coisas, possibilitam num nível mais
profundo, a compreensão dos porquês da evolução. Entretanto, as lições colhidas
neste campo não podem ser reproduzidas por meio de experimentos controlados e,
por isso, são deixadas de lado na avaliação dos resultados. Na verdade, o que
não se deve negligenciar é o fator ético, como elemento primordial de toda
atividade investigativa.
A sintonia
com situações que demonstram a existência de outras realidades, proporcionada
pelo estudo e pela experienciação, nas refregas da vida, levam os seres a
romper com tabus estagnadores e a renovar perspectivas de crescimento interior.
A acomodação a conceitos inamovíveis, ao contrário, produz viciações que
desembocam fatalmente na eclosão de conflitos existenciais.
Na esfera dos
imponderáveis, é por meio de análises comparativas e de intenso cruzamento de
informações que se pode configurar um quadro, progressivamente mais definido,
das interações emocionais e mentais que nos afetam. A leitura de acreditadas
ocorrências, no indevidamente denominado campo da paranormalidade, oferece
oportunidades de se chegar a conclusões cada vez mais significativas para o
autoconhecimento.
Nada existe,
em termos de saber, com o selo da terminalidade. É preciso estudar. Não devemos
esquecer que cada corpo é como um pequeno laboratório em que a consciência
cresce com a experiência do viver.
Até
a próxima.
Um
abraço.
Lazaro Moreira Cezar.
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