terça-feira, 23 de abril de 2013

UM VELHO TEMA



O aparecimento de um novo livro, sobre um velho tema, quase sempre gera motivos para novas reflexões. Recentemente, saiu mais uma obra sobre experiências de quase morte. São, em linhas gerais, relatos de pessoas que após um estado de aparente morte, provocado, na maioria das vezes, por doença ou acidentes, retornam contando histórias vivenciadas pela consciência ativa em outros campos de ação.

O neurocirurgião Eben Alexander III narra no livro Uma prova do céu sua experiência, passada durante sete dias, em estado de coma. Uma experiência que lhe modificou drasticamente a visão de vida. É interessante notar que o autor faz parte de uma geração formada, profissionalmente, dentro dos mais rigorosos padrões do paradigma científico atual.

A curiosidade por temas dessa natureza cresceu bastante com o surgimento do livro Vida depois da vida, do Dr. Raymond Moody Jr., nos anos setenta do século XX. De lá para cá, foram publicadas dezenas de outras obras sobre o assunto. Porém o tema é muito mais antigo.

No livro X, de A república, de Platão, é contada a história de Er, um valente soldado morto no campo de batalha. Dez dias depois, quando foram encontrados os cadáveres, putrefatos, o seu foi descoberto intato. Já na pira funerária, prestes a ser cremado, levantou-se e contou uma estranha história sobre o que vira no além: sua alma havia sido transportada para um misterioso lugar, onde presenciou o julgamento de várias outras e ouviu dos juízes que ele estava ali como observador, com a missão de revelar, quando retornasse à vida, o que aprendera no lado dos mortos. A história se prolonga em mais explicações. Alguns estudiosos a interpretam como uma alegoria, mas há quem veja nela uma história real, um caso de experiência de quase morte.

Esses relatos, sempre que aparecem, ensejam protestos por parte de céticos e de acomodados a conhecimentos estratificados. Uns alegam que os fatos não resistem às avaliações experimentais e objetivas da ciência e outros afirmam que tudo não passa de sonhos febris produzidos por mentes delirantes. A vida, porém, trama, a todo instante, no sentido de que, mais cedo ou mais tarde, as pessoas se abram a novas percepções, através de insights promovidos pela inexorável marcha evolucionária.

A ciência, por exemplo, mesmo limitada por um rígido paradigma, tem contribuído para a demolição de inúmeros preconceitos e mitos. Ao lado dela, as investigações, voltadas para a essência última das coisas, possibilitam num nível mais profundo, a compreensão dos porquês da evolução. Entretanto, as lições colhidas neste campo não podem ser reproduzidas por meio de experimentos controlados e, por isso, são deixadas de lado na avaliação dos resultados. Na verdade, o que não se deve negligenciar é o fator ético, como elemento primordial de toda atividade investigativa.

A sintonia com situações que demonstram a existência de outras realidades, proporcionada pelo estudo e pela experienciação, nas refregas da vida, levam os seres a romper com tabus estagnadores e a renovar perspectivas de crescimento interior. A acomodação a conceitos inamovíveis, ao contrário, produz viciações que desembocam fatalmente na eclosão de conflitos existenciais.

Na esfera dos imponderáveis, é por meio de análises comparativas e de intenso cruzamento de informações que se pode configurar um quadro, progressivamente mais definido, das interações emocionais e mentais que nos afetam. A leitura de acreditadas ocorrências, no indevidamente denominado campo da paranormalidade, oferece oportunidades de se chegar a conclusões cada vez mais significativas para o autoconhecimento.

Nada existe, em termos de saber, com o selo da terminalidade. É preciso estudar. Não devemos esquecer que cada corpo é como um pequeno laboratório em que a consciência cresce com a experiência do viver.

Até a próxima.
Um abraço.
Lazaro Moreira Cezar.

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