domingo, 24 de março de 2013

TOLERÂNCIA


  J. Krishnamurti, filósofo e espiritualista indiano, diz no livro Aos pés do mestre (Pensamento: 1993) que no mundo existem apenas duas classes de indivíduos: os que possuem conhecimento e os que não o possuem. O conhecimento a que ele se refere é o conhecimento de que todos fazemos parte de um grande esquema de evolução cósmica.

Para os que se iniciam nas veredas desse conhecimento são sugeridas algumas rotas. Entre elas a do cultivo da tolerância. A tolerância brota como consequência natural da compreensão do processo evolutivo. Não é uma postura de conivência, nem tampouco a tentativa de eximir as pessoas das responsabilidades assumidas diante dos problemas da vida.

O que mais caracteriza o ser tolerante é o fato de manter-se fiel às ideias que, em determinado momento, lhe parecem acertadas e não descartar as ideias alheias. É colocar-se nas diversas situações existenciais de modo a ver as coisas do ponto de vista dos outros e, a partir daí, ajudar e também aprender.

Em tese, é assim que todos gostariam de proceder. No entanto, o que se vê com mais frequência, nas paisagens do viver terreno, é o divórcio entre o discurso e a prática. A raiz desse contraponto reside em que, até nos autojulgamentos, as pessoas se fixam em critérios de rigidez absoluta. Esquecem o processo evolutivo, escudam-se num falso bom-senso e adotam a retórica do autoengano.

René Descartes, filósofo e matemático francês, afirma, logo no início do seu Discurso do método (Abril Cultural: 1973), que "O bom-senso é a coisa do mundo melhor partilhada, pois cada qual pensa estar tão bem provido dele, que mesmo os que são mais difíceis de contentar em qualquer outra coisa não costumam desejar tê-lo mais do que o tem".

É assim que, na maioria dos casos, as pessoas se julgam, independentemente das considerações de natureza evolutiva.

A intolerância, na verdade, grassa em todos os setores e, paradoxalmente, é, nas organizações e grupos que lidam com o aspecto transcendente da vida, onde mais se pugna por uma convivência pacífica, que proliferam, com maior intensidade, os vibriões do desentendimento.

Às vezes, propostas nobres de um viver fraterno, com base na magnanimidade de pessoas bem intencionadas, se esvaem nos labirintos de interesses pessoais, nos medos e em ferozes disputas por glórias efêmeras. O curso da história humana está cheio desses casos.

O saber se amplia a cada instante e ninguém é portador de toda a verdade. Por isso, é preciso cautela com o autoritarismo. O isolamento em guetos de saberes absolutos conduz à intolerância e alimenta a compulsão de líderes psicopatas pelo poder. Poder que se espraia por todos os campos. Desde a área econômica, puramente material, até o reino do psiquismo, congelando a liberdade de pensar.

As opiniões diferentes e as ideias conflitantes são inerentes ao processo de crescimento humano. Podem e devem ser administradas com respeito e entendimento, pois o que se pensa estar certo em uma fase da vida, frequentemente, revela-se incorreto em outra.

A tolerância, quando exercida com sabedoria e sinceridade, sem os excessos das concessões demagógicas, facilita as inter-relações, proporciona melhor visualização das questões e apara as arestas das discórdias. É um exercício que estimula a mobilização de outras virtudes e conduz o ser humano a se alinhar aos propósitos mais elevados de sua natureza transcendental.

Abraços a todos.
Até a próxima.
Lazaro Moreira Cezar.

                                                                      
                                                                                                                            

segunda-feira, 18 de março de 2013

UM POUCO MAIS SOBRE O PENSAMENTO

A visão científica convencional postula que o pensamento é consequência de reações químicas puramente materiais, ocorridas no cérebro. Por outro lado, análises efetuadas com base nas observações obtidas por pessoas dotadas de percepção extrassensorial mostram a existência de agentes externos na ocorrência das operações mentais.
Esse embate é secular e muita gente argui se, para demonstrar o caráter transcendente do ato de pensar, não existem pesquisas distintas das que se fundamentam nas percepções dos chamados “sensitivos”.
A argumentação de apoio para tal expectativa reside no fato de que o instrumento de pesquisa, nestes casos, é subjetivo e não permite inferências seguras, como as proporcionadas por meio do método científico.
Inúmeros estudos, que não apelam para o viés da paranormalidade humana, têm sido publicados. Esses estudos se aproximam bastante de teses defendidas pelos não materialistas.
Um bom exemplo é o do biólogo Rupert Sheldrake que, no final do século passado, apresentou o conceito de mente estendida. Para ele, a mente é mais extensa que o cérebro. Sem levar em conta conceitos espaço-temporais, ela se estende através dos chamados campos mórficos ou morfogenéticos.
Os campos mórficos, à semelhança dos campos magnéticos dos ímãs, são regiões de influência em torno dos sistemas por eles organizados. Interpenetram-nos e se distendem ao seu redor. São estruturas invisíveis que dão forma às coisas e dinamizam processos vitais nos sistemas biológicos.
Possuem uma memória e, através de um processo denominado de ressonância mórfica, são capazes de trocar informações. É neles que se localiza a base dos fenômenos instintivos.
Essas qualidades caracterizam esses campos como modelos causativos, uma vez que servem também de esquema ou causa para transformações aperfeiçoadoras.
Muitas dessas ideias podem explicar os processos por trás de situações intrigantes. A comunicação, por exemplo, entre os animais de estimação e seus donos é fato conhecido por muita gente. Sheldrake narra alguns casos desse tipo no livro “Sete experimentos que podem mudar o mundo” (editora Pensamento).
Alguns fenômenos nessa mesma linha são: o fato de as pessoas perceberem que estão sendo observadas; a percepção que rege o sentido de orientação dos pombos-correio; o voo ordenado das aves; e o movimento sincronizado, e quase instantâneo, de grandes cardumes, bandos de pássaros e nuvens de insetos.
Outro fato significativo está relacionado à aquisição de novos comportamentos em grupos de animais de uma mesma espécie. É um aspecto da vida animal já estudado e o pesquisador Lyall Watson, para ilustrá-lo, conta a seguinte história, no livro “Maré da vida” (editora Difel), de sua autoria: numa ilha de certo arquipélago do oceano Pacífico, um macaco começou a lavar as batatas para livrá-las da areia e do saibro que lhe dificultavam o consumo. Esse inusitado comportamento motivou outros macacos a fazer o mesmo. Muito lentamente, o grupo foi aumentando e quando o número de participantes chegou a cem, aconteceu algo espantoso: todos os outros macacos do arquipélago adotaram o mesmo procedimento, como se houvesse ocorrido uma contaminação.
Esse é “o princípio do centésimo macaco” e, de certo modo, mostra como funciona a ressonância mórfica: - a partir de um ponto crítico, uma ação que se repete gradativamente, executada por um número cada vez maior de participantes, altera o campo e modifica os esquemas de ação de toda a comunidade.
Em um mundo ainda dominado por disputas e por um desvairado egocentrismo, onde elevados ideais são constantemente maculados por mesquinhos interesses pessoais, os estudos de cientistas do porte de R. Sheldrake ajudam a compreender a irremediável interdependência que nos enlaça.
Pensamentos, emoções e sentimentos geram uma teia de conexões através da qual, pela lei de ação e reação, aplicada ao domínio psíquico, podemos alterar as condições do planeta.
De nós depende a formação de uma rede em que predomina o bem. Todos, independentemente de matizes doutrinários ou ideológicos, devem tomar conhecimento dessa realidade. Para isso, talvez encontremos um pouco de inspiração no “princípio do centésimo macaco”.

Um abraço.
Até a próxima.
Lazaro Moreira Cezar


sexta-feira, 8 de março de 2013

CONSIDERAÇÕES SOBRE O PENSAMENTO

Muitas proposições relacionadas ao pensamento são enunciadas como jargões, sem nenhum conhecimento de causa.
"Quem bem pensa, bem atrai" é uma delas. No entanto, são afirmações, na maioria das vezes ricas de significados, provenientes de experiências adquiridas através dos tempos.
Aos poucos começa-se a perceber que o corpo físico é apenas parcela de uma estrutura mais complexa, da qual fazem parte campos de energia que servem de base para expressões de pensamentos e emoções, em variada gama de manifestações.
São campos não percebidos pelos sentidos comuns, mas observados ao longo dos séculos, em diferentes lugares, por pessoas portadoras de alta percepção sensorial.
Sem o respaldo da replicabilidade orientada, exigida pela metodologia científica, muitas dessas observações começam, no entanto, a se ajustar ao quebra-cabeça em fase de montagem pela própria ciência.
Muitos obtêm essas informações, acham-nas interessantes, mas as relegam ao esquecimento, talvez por ainda não terem sido tocados pela chama do autoconhecimento.
Existem, entrentanto, inúmeros trabalhos de investigadores sérios que ajudam a sedimentar esses saberes e merecem toda atenção.
Encontram-se, por exemplo, alguns resultados consensuais em obras como "Pensamento e vontade" de Ernesto Bozzano; "O poder do pensamento" de Annie Besant; "O experimento da intenção" de Lynne McTaggart; "O cérebro espiritual" de Mario Beauregard; e "Formas de pensamento" de Annie Besant e C. W. Leadbeater. São livros que mostram, por diferentes caminhos, a dinâmica dos processos mentais.
Um aspecto importante dessa dinâmica é o da criação de formas-pensamento. 
Os pensamentos e desejos de uma pessoa moldam, nos campos de manifestação já referidos, ideações plásticas denominadas formas-pensamento, com o mesmo teor vibratório de quem as emitiu.
Essas estruturas energéticas podem entrar em sintonia com o pensamento de outras pessoas vibrando na mesma frequência, influenciando-as.
Ondas de pensamento estão sempre sendo lançadas em todas as direções. Isso, consequentemente, torna as pessoas, em grande parte, responsáveis pelo ambiente psíquico em que vivem.
Outro fato conhecido é que essas formas, por mais que envolvam outros seres ou interajam com ideações equipotentes de origem diversas, retornam invariavelmente à fonte de origem.
Muitas distonias psíquicas são resultantes de fixações viciosas, alimentadas por quem se torna refém de pensamentos enfermiços.
Por outro lado, as expressões mentais, alinhadas a nobres e elevadas aspirações de vida, além de desenergizarem as cargas negativas, revigoram o ânimo, estimulam o crescimento individual e consolidam laços de fraternidade.
Saber dessas coisas, insculpindo-as na alma, favorecem a criação de estratégias para a autodefesa psíquica e nos predispõe à construção de um viver ameno, com mais compreensão e harmonia.
Um abraço.
Até a próxima.
Lazaro Moreira Cezar.

domingo, 3 de março de 2013

O BOM VENCEDOR

É com muita humildade, amor e respeito ao próximo que chegamos onde precisamos. A maledicência é ferramenta dos fracos. A mais autêntica vitória é a que conquistamos sobre nós mesmos. (Lazaro Moreira Cezar).