segunda-feira, 18 de março de 2013

UM POUCO MAIS SOBRE O PENSAMENTO

A visão científica convencional postula que o pensamento é consequência de reações químicas puramente materiais, ocorridas no cérebro. Por outro lado, análises efetuadas com base nas observações obtidas por pessoas dotadas de percepção extrassensorial mostram a existência de agentes externos na ocorrência das operações mentais.
Esse embate é secular e muita gente argui se, para demonstrar o caráter transcendente do ato de pensar, não existem pesquisas distintas das que se fundamentam nas percepções dos chamados “sensitivos”.
A argumentação de apoio para tal expectativa reside no fato de que o instrumento de pesquisa, nestes casos, é subjetivo e não permite inferências seguras, como as proporcionadas por meio do método científico.
Inúmeros estudos, que não apelam para o viés da paranormalidade humana, têm sido publicados. Esses estudos se aproximam bastante de teses defendidas pelos não materialistas.
Um bom exemplo é o do biólogo Rupert Sheldrake que, no final do século passado, apresentou o conceito de mente estendida. Para ele, a mente é mais extensa que o cérebro. Sem levar em conta conceitos espaço-temporais, ela se estende através dos chamados campos mórficos ou morfogenéticos.
Os campos mórficos, à semelhança dos campos magnéticos dos ímãs, são regiões de influência em torno dos sistemas por eles organizados. Interpenetram-nos e se distendem ao seu redor. São estruturas invisíveis que dão forma às coisas e dinamizam processos vitais nos sistemas biológicos.
Possuem uma memória e, através de um processo denominado de ressonância mórfica, são capazes de trocar informações. É neles que se localiza a base dos fenômenos instintivos.
Essas qualidades caracterizam esses campos como modelos causativos, uma vez que servem também de esquema ou causa para transformações aperfeiçoadoras.
Muitas dessas ideias podem explicar os processos por trás de situações intrigantes. A comunicação, por exemplo, entre os animais de estimação e seus donos é fato conhecido por muita gente. Sheldrake narra alguns casos desse tipo no livro “Sete experimentos que podem mudar o mundo” (editora Pensamento).
Alguns fenômenos nessa mesma linha são: o fato de as pessoas perceberem que estão sendo observadas; a percepção que rege o sentido de orientação dos pombos-correio; o voo ordenado das aves; e o movimento sincronizado, e quase instantâneo, de grandes cardumes, bandos de pássaros e nuvens de insetos.
Outro fato significativo está relacionado à aquisição de novos comportamentos em grupos de animais de uma mesma espécie. É um aspecto da vida animal já estudado e o pesquisador Lyall Watson, para ilustrá-lo, conta a seguinte história, no livro “Maré da vida” (editora Difel), de sua autoria: numa ilha de certo arquipélago do oceano Pacífico, um macaco começou a lavar as batatas para livrá-las da areia e do saibro que lhe dificultavam o consumo. Esse inusitado comportamento motivou outros macacos a fazer o mesmo. Muito lentamente, o grupo foi aumentando e quando o número de participantes chegou a cem, aconteceu algo espantoso: todos os outros macacos do arquipélago adotaram o mesmo procedimento, como se houvesse ocorrido uma contaminação.
Esse é “o princípio do centésimo macaco” e, de certo modo, mostra como funciona a ressonância mórfica: - a partir de um ponto crítico, uma ação que se repete gradativamente, executada por um número cada vez maior de participantes, altera o campo e modifica os esquemas de ação de toda a comunidade.
Em um mundo ainda dominado por disputas e por um desvairado egocentrismo, onde elevados ideais são constantemente maculados por mesquinhos interesses pessoais, os estudos de cientistas do porte de R. Sheldrake ajudam a compreender a irremediável interdependência que nos enlaça.
Pensamentos, emoções e sentimentos geram uma teia de conexões através da qual, pela lei de ação e reação, aplicada ao domínio psíquico, podemos alterar as condições do planeta.
De nós depende a formação de uma rede em que predomina o bem. Todos, independentemente de matizes doutrinários ou ideológicos, devem tomar conhecimento dessa realidade. Para isso, talvez encontremos um pouco de inspiração no “princípio do centésimo macaco”.

Um abraço.
Até a próxima.
Lazaro Moreira Cezar


Um comentário:

  1. Boa tarde Professor Lazaro, parabens pelo excelente texto, um grande abraço amigo!!

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