A visão científica convencional postula que o pensamento é consequência
de reações químicas puramente materiais, ocorridas no cérebro. Por outro lado,
análises efetuadas com base nas observações obtidas por pessoas dotadas de
percepção extrassensorial mostram a existência de agentes externos na
ocorrência das operações mentais.
Esse embate é secular e muita gente argui se, para demonstrar o caráter
transcendente do ato de pensar, não existem pesquisas distintas das que se
fundamentam nas percepções dos chamados “sensitivos”.
A argumentação de apoio para tal expectativa reside no fato de que o
instrumento de pesquisa, nestes casos, é subjetivo e não permite inferências
seguras, como as proporcionadas por meio do método científico.
Inúmeros estudos, que não apelam para o viés da paranormalidade humana,
têm sido publicados. Esses estudos se aproximam bastante de teses defendidas
pelos não materialistas.
Um bom exemplo é o do biólogo Rupert Sheldrake que, no final do século
passado, apresentou o conceito de mente estendida. Para ele, a mente é mais
extensa que o cérebro. Sem levar em conta conceitos espaço-temporais, ela se
estende através dos chamados campos mórficos ou morfogenéticos.
Os campos mórficos, à semelhança dos campos magnéticos dos ímãs, são regiões
de influência em torno dos sistemas por eles organizados. Interpenetram-nos e
se distendem ao seu redor. São estruturas invisíveis que dão forma às coisas e
dinamizam processos vitais nos sistemas biológicos.
Possuem uma memória e, através de um processo denominado de ressonância
mórfica, são capazes de trocar informações. É neles que se localiza a base dos
fenômenos instintivos.
Essas qualidades caracterizam esses campos como modelos causativos, uma
vez que servem também de esquema ou causa para transformações aperfeiçoadoras.
Muitas dessas ideias podem explicar os processos por trás de situações
intrigantes. A comunicação, por exemplo, entre os animais de estimação e seus
donos é fato conhecido por muita gente. Sheldrake narra alguns casos desse tipo
no livro “Sete experimentos que podem
mudar o mundo” (editora Pensamento).
Alguns fenômenos nessa mesma linha são: o fato de as pessoas perceberem
que estão sendo observadas; a percepção que rege o sentido de orientação dos
pombos-correio; o voo ordenado das aves; e o movimento sincronizado, e quase
instantâneo, de grandes cardumes, bandos de pássaros e nuvens de insetos.
Outro fato significativo está relacionado à aquisição de novos
comportamentos em grupos de animais de uma mesma espécie. É um aspecto da vida
animal já estudado e o pesquisador Lyall Watson, para ilustrá-lo, conta a
seguinte história, no livro “Maré da
vida” (editora Difel), de sua autoria: numa ilha de certo arquipélago do
oceano Pacífico, um macaco começou a lavar as batatas para livrá-las da areia e
do saibro que lhe dificultavam o consumo. Esse inusitado comportamento motivou
outros macacos a fazer o mesmo. Muito lentamente, o grupo foi aumentando e
quando o número de participantes chegou a cem, aconteceu algo espantoso: todos
os outros macacos do arquipélago adotaram o mesmo procedimento, como se
houvesse ocorrido uma contaminação.
Esse é “o princípio do centésimo macaco” e, de certo modo, mostra como funciona
a ressonância mórfica: - a partir de um ponto crítico, uma ação que se repete
gradativamente, executada por um número cada vez maior de participantes, altera
o campo e modifica os esquemas de ação de toda a comunidade.
Em um mundo ainda dominado por disputas e por um desvairado egocentrismo,
onde elevados ideais são constantemente maculados por mesquinhos interesses
pessoais, os estudos de cientistas do porte de R. Sheldrake ajudam a
compreender a irremediável interdependência que nos enlaça.
Pensamentos, emoções e sentimentos geram uma teia de conexões através da
qual, pela lei de ação e reação, aplicada ao domínio psíquico, podemos alterar
as condições do planeta.
De nós depende a formação de uma rede em que predomina o bem. Todos,
independentemente de matizes doutrinários ou ideológicos, devem tomar
conhecimento dessa realidade. Para isso, talvez encontremos um pouco de
inspiração no “princípio do centésimo macaco”.
Um abraço.
Até a próxima.
Lazaro Moreira Cezar
Boa tarde Professor Lazaro, parabens pelo excelente texto, um grande abraço amigo!!
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