Um antigo e
bem sucedido cronista social, diante das diatribes e críticas maledicentes dos
seus oponentes, finalizava, com frequência, a sua coluna com o provérbio: Os cães ladram e a caravana passa.
O escritor
espiritualista C. W. Leadbeater, no livro O
lado oculto das coisas (São Paulo: Pensamento, s/d), diz que entre as
causas mais comuns de infelicidade figuram o desejo, o desgosto, o medo e a
ansiedade.
Sabemos que o
desejo se expressa de inúmeras maneiras, e que a face voltada para a
filantropia e para os ideais construtivos, em geral, serve de pré-requisito
para o aprimoramento humano. Porém, existe outro lado dirigido aos interesses
egoístas e à dominação dos semelhantes: o lado da insaciável volúpia por
posição, prestígio e poder.
Como
excrescência dessa face cruel, emerge o sentimento amargo da inveja, cuja
peçonha é capaz de manchar as mais puras configurações do pensamento criador,
em favor do bem comum. Leadbeater, no livro citado anteriormente, afirma:
Entre as mais venenosas das múltiplas formas
desta grande hera daninha chamada desejo, estão a inveja e o ciúme. Se os
homens quisessem apenas ocupar a mente com os seus próprios negócios, deixando
em paz os seus vizinhos, desapareceriam muitas das raízes fecundas de
infelicidades. (p.267)
A exsudação
da inveja é tão virulenta que nem com relação aos mortos se aplaca, ou se
detém. Os invejosos, mesmo diante de uma existência física, já vivida, com
florações póstumas de uma atividade voltada para o crescimento humano, não
deixam de destilar o visgo corrosivo da alma macerada por conflitos internos.
Essas
considerações vêm à tona diante de reportagens, saídas há pouco tempo, sobre
livros recentemente publicados, remexendo a vida particular de dois grandes
líderes do passado - Martin Luther King e Mahatma Gandhi – com o fim, talvez,
de amesquinhá-los. É como se tentassem uma orquestração no sentido de eliminar
de nossas mentes as belas inspirações que estas personalidades nos deixaram
para a construção de um viver melhor. São publicações que em nada contribuem,
pelo menos no aspecto construtivo, para esclarecer a opinião pública. Revelam,
sim, na sua maioria, despeito e inveja; e almejam sensacionalismo.
A inveja
corrói e exige do seu portador uma extravasão demolidora. Nem Jesus, há tanto
tempo sacrificado, escapa, de vez em quando, da vesana indignação dos
detratores.
Ninguém,
portanto, está isento, nos caminhos da vida, de ser amofinado pela grita insana
de maledicentes e invejosos, vociferando à beira da estrada. Mas a moderação
recomenda prudência e bons pensamentos, não só para evitar os efeitos danosos
da ressonância vibratória, como para tornar mais diáfana a atmosfera psíquica
do planeta. É de bom alvitre nesses momentos seguir serenamente em frente, sem
revides e ressentimentos, certos de que, como dizia o velho jornalista: os cães ladram e a caravana passa.
Até a
próxima.
Um abraço,
Lazaro
Moreira Cezar.
Por certo, aparecerão sempre os oportunistas invejosos, contrapondo-se à grandeza dos espíritos nobres portadores de mensagens para a redenção da humanidade. Não só Martin e Mahatman, Antonio Vieira também foi alvo da maledicência expressa à conta desses vis sentimentos. Veja-se o que sobre ele falaram Silvio Romero e José Veríssimo,não reconhecendo a inteligência, o caráter, o coração e a obra do padre lusitano-brasileiro, conforme observação do historiador Ivan Lins. Parabéns pelo excelente artigo, professor Lázaro.
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