quarta-feira, 3 de abril de 2013

SOBRE AS LEIS NATURAIS


            
           
A busca por um significado da vida remonta aos primitivos tempos da humanidade. De um lado, a busca pelo entendimento do fenômeno natural, em si; e de outro, a busca pela compreensão do propósito da existência.

De um modo geral, essas posturas delinearam, desde o início, os caminhos que iriam desembocar na ciência e na expressividade da transcendência sem fantasias. Apesar da distinção, as duas vertentes sempre tiveram pontos em comum.

A visão mais simples era, como ainda o é, a de um mundo desenhado nos moldes da geometria euclidiana: um espaço tridimensional, servindo de palco para o desenrolar da vida. Os fenômenos que inicialmente foram atribuídos à vontade dos deuses, aos poucos passaram a ser compreendidos como resultados de leis naturais.

Superado o período das perplexidades e da subserviência a entidades divinais, os estudiosos acabaram por entender que as verdades fundamentais da natureza se apoiavam em estruturas de caráter matemático.

Os pitagóricos, por exemplo, no século VI a.C., desenvolvendo um pensamento esteado em considerações matemáticas, afirmaram que “todas as coisas são números”. Galileu (1564-1642), célebre matemático e físico italiano, asseverou que

 O livro da natureza está escrito na linguagem da matemática e os caracteres são triângulos, círculos e outras figuras geométricas, sem os quais é humanamente impossível compreender uma palavra sequer dela e sem os quais se vagueia inutilmente através de um labirinto escuro.
(LÍVIO, Mario. Deus é matemático? São Paulo: Record, 2010)


Ao longo dos tempos, consolidaram-se de tal forma essas noções que, nas atuais investigações dos fenômenos da natureza, sempre se procura estabelecer uma concordância entre as provas experimentais e a demonstração matemática. O conhecimento, assim estatuído, ajuda a prever as possibilidades embutidas nas leis naturais e viabiliza a utilização delas nos mais diversos setores da vida.

Mesmo quando o ser humano passou a explorar os domínios dos fenômenos extrassensoriais, ainda assim, não deixou de perceber a latência de relações mensuráveis. Existem indícios de que nas trocas de energia, nos campos emocionais e mentais, subjazem relações de ordem matemática: é que, nesse âmbito, os fenômenos são de natureza vibracional e, como tal, são formas de movimento também passíveis de mensuração.

Até agora, no entanto, esses vislumbres permanecem no domínio das possibilidades, como um mapa para territórios inexplorados. As pesquisas voltadas para o aspecto da transcendência operam com situações da experiência humana que dificultam a reprodução de experimentos controlados.

A ciência, judiciosamente, cerca-se de cuidados, no intuito de evitar, nesses contextos, fraudes e escamoteações. Só aceita o que resiste ao protocolo da metodologia científica. Embora se autolimitando na apreciação dos fatos, capacita-se continuamente com a elaboração de estratégias mais eficazes na abordagem de novos desafios. Desse modo, tudo que aproxima o ser humano de verdades mais refinadas será no devido tempo apreciado.

O que importa é que, nesse afã, cultive-se o amor à verdade, repudie-se o autoritarismo e caminhe-se consciente das próprias limitações. São imposições de natureza ética.

Na afirmação do autoconhecimento, o ser ora volta-se para si mesmo, ora volta-se para o mundo exterior, mas está continuamente lidando com verdades relativas. Construindo e reconstruindo experiências, sente a cada instante que deve se conhecer melhor. Esse conhecimento, contudo, nem sempre consegue impulsioná-lo no sentido de efetuar mudanças que o liberem das insatisfações internas.

Uma das razões para isso está em que os conhecimentos de primeira instância necessitam do amadurecimento proporcionado pela inspiração do campo superior intuicional, a fim de se tornarem conquistas mais significativas para a alma.

O campo intuicional é a dimensão da sabedoria. Sabedoria que ilumina o intelecto e leva o pensador a encontrar em si mesmo bases para modificações promissoras. Esse despertar interno, pelo qual todos devem se empenhar, consegue-se por um reto viver, um constante exercício do bem-pensar e pela experienciação, em todos os domínios da existência, inspirada pelo benquerer.

Nesse mister, o estudo e a observância das leis naturais são de inestimável valor.

Um Abraço.
Até a próxima.
Lazaro Moreira Cezar.

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