James Jeans, um físico notável, disse em certa ocasião que o universo se parece, cada vez mais, com um vasto pensamento. Alguns cientistas, mais recentemente, têm aventado a necessidade de se postular a existência de um "princípio inteligente" para justificar toda gama de fenômenos que nos cerca.
Há como que uma ordem subjacente aos aspectos mais caóticos da natureza. A hipótese de "acaso e necessidade", criada para justificar os fatos, está se tornando distante das cogitações humanas.
Mesmo os materialistas admitem, por trás dos mecanismos naturais, um processo evolutivo enquanto os espiritualistas afirmam que a evolução é o resultado de um planejamento divino, ou de um esquema proveniente do "princípio inteligente".
O fato é que aceitar a evolução, tanto de um ponto de vista quanto do outro, é admitir a transitoriedade dos juízos que fazemos das coisas, dos fatos e das pessoas. Fazemos parte de um universo em constantes mudanças, no entanto nos comportamos como detentores de saberes absolutos.
Desejamos ardentemente uma comunidade mais fraterna, mas não abrimos mão de nossa individualidade.
Achamo-nos no direito de julgar, condenar e punir, sem levar em consideração a natureza relativa da realidade que concebemos, entretanto o sentimento de fraternidade repousa em grande parte na compreensão de que vivemos num mundo de aparências. Daí a importância do exercício da tolerância, sem violar naturalmente as regras básicas preservadoras do decoro, do respeito e da benquerença.
O entendimento da natureza fugaz de nossas certezas não é coisa nova. A relatividade, na dimensão física em que estamos, foi comprovada cientificamente na era moderna, mas a ilusão de nossas percepções já fora constatada por muitos sábios da antiguidade. Um exemplo disso podemos encontrar nos "Yogas - Sutras" de Patânjali, filósofo indiano do século VI a. C., cujas lições antecipam muitas vezes resultados de atuais pesquisas científicas.
Se queremos um mundo melhor, não podemos abrir mão das perspectivas de mudanças. É preciso manter a mente aberta, eliminar os autoenganos e estudar para enriquecer as bases já construídas pela experiência. Congelar ideias é atiçar a chama do sofrimento.
Um abraço.
Até breve.
Lazaro Moreira Cezar.